Você já pensou em criar um aplicativo só dizendo o que quer, em vez de escrever várias linhas de código? Pois é isso que o vibe coding promete. Essa nova abordagem tem chamado a atenção, principalmente depois que o Andrej Karpathy, ex-diretor de IA da Tesla e cofundador da OpenAI, falou sobre a experiência de “esquecer que o código existe” enquanto desenvolvia usando inteligência artificial.
Mas será que isso é realmente uma revolução? Ou só uma evolução do que já vem acontecendo há anos? O fato é que o assunto está em alta — já foi pauta no New York Times, Ars Technica, The Guardian e tem gerado bastante discussão em fóruns e redes sociais.
Neste artigo, vamos explorar o que é vibe coding, como ele funciona na prática, e o que muda (ou não) para quem desenvolve software.
Mais conversa, menos código
A ideia do vibe coding é simples: você conversa com uma inteligência artificial, explica o que quer e ela cria o sistema para você. Por exemplo: você pode dizer “quero um app que organize minhas tarefas por prioridade e me mande alertas no WhatsApp” — e, em poucos segundos, a IA cria a base do aplicativo, conecta as APIs e entrega algo funcional.
O código deixa de ser o ponto de partida para se tornar parte do processo. O desenvolvedor apresenta a ideia e a inteligência artificial constrói uma versão funcional para testes e ajustes — um processo muito mais ágil do que começar tudo do zero.
Recentemente, Peter Yang, da Microsoft, mostrou um exemplo disso no X (antigo Twitter). Ele criou um jogo 3D simples com zumbis usando apenas comandos de texto e voz para a IA. A cada instrução, a inteligência artificial ajustava o jogo, como se fosse uma conversa.
Vibe coding, isso é novidade?
Não exatamente.
Desde 2009, aqui na New Rizon, já usávamos o Oompa-Loompa, uma ferramenta que lia bancos de dados e criava automaticamente funções básicas, como adicionar, editar e excluir informações. Quando a ferramenta não sabia fazer algo, ela perguntava — e, no próximo projeto, já conseguia fazer sozinha.

O que mudou hoje é a potência e a popularização das ferramentas como GitHub Copilot, Replit, Cursor e Lovable. Elas completam, corrigem e escrevem código a partir de comandos simples. Mas o vibe coding vai além: é transformar ideias em sistemas por meio de um diálogo com um assistente que entende de programação.
Será o fim dos programadores?
No fundo, a programação sempre foi sobre dizer a um computador como operar. O método de como fazemos isso mudou ao longo do tempo, mas LLMs não substituem a intuição e a experiência humanas.
A inteligência artificial pode gerar o código, mas cabe ao programador definir objetivos, revisar, garantir a qualidade e a segurança do sistema. Com o vibe coding, o papel do profissional se torna ainda mais estratégico: pensar em arquitetura, prever riscos e tomar decisões técnicas.
E é importante lembrar: a IA também erra. O código gerado pode ter falhas, seguir más práticas ou até trazer brechas de segurança. Por isso, quem entende do assunto continua essencial, tanto para revisar quanto para orientar o uso dessas ferramentas.
“Por mais espertos que esses modelos de linguagem sejam, eles aprendem com um monte de dados que podem ter código ruim, brecha de segurança e todo tipo de problema. Se não tiver um humano qualificado de olho, entendendo de verdade o que tá saindo “debaixo do capô”, as empresas correm um risco danado de botar na rua sistemas frágeis, inseguros ou que viram um elefante branco rapidinho, impossível de dar manutenção ou evoluir.” Henrique de Castro, CEO da New Rizon
Por outro lado, o vibe coding abre portas. Pessoas não programadoras — como designers, analistas ou empreendedores — já conseguem criar protótipos funcionais com a ajuda dessas ferramentas. Isso muda o jogo e pode acelerar muito a criação de soluções inovadoras.
Conclusão
O vibe coding não substitui quem programa, mas ajuda a acelerar o trabalho, abrir novas possibilidades e aproximar mais gente da criação de tecnologia. Com uma boa conversa, dá pra transformar ideias em código de forma mais rápida e acessível.
Para quem já é desenvolvedor de software, é uma baita economia de tempo. Dá pra testar ideias rápido, focar nas decisões técnicas e ganhar mais produtividade no dia a dia. É também uma ótima forma de entender onde a IA acerta, onde erra e como tirar o melhor dela. Já para quem está começando, é uma forma divertida e prática de explorar a programação e se surpreender com o que dá pra fazer com pouco código.
No fim das contas, o que muda não é o valor do trabalho de quem programa, mas a forma como ele pode ser feito: com mais foco em ideias, menos tempo gasto com o básico — e muito mais espaço para inovação.